Professores retiram acampamento do Centro Cívico de Curitiba

Professores começaram a desmontar acampamento nesta segunda-feira (9)
Professores começaram a desmontar acampamento nesta segunda-feira (9)

Professores retiram acampamento do Centro Cívico de Curitiba
Após 29 dias, greve na educação pública do estado do Paraná foi suspensa.
Acampamento serviu para dar força ao movimento, dizem docentes.
Logo após decidirem pela suspensão da greve, nesta segunda-feira (9), professores e profissionais da educação pública do Paraná começaram a desmontar o acampamento no Centro Cívico de Curitiba. Foram 29 dias em frente aos poderes Legislativo e Executivo em mais uma mobilização história, que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), contou com a participação de cerca de 100 mil pessoas.

“O acampamento foi o centro da união da categoria. Nós entramos na greve muito unidos, e nós saímos da greve muito unidos. As pessoas vinham no fim de semana, durante o carnaval, com chuva ou sem chuva. Vinham para conversar, para discutir. Foi o local onde, com certeza, a categoria acumulou força para ficar na luta o tempo todo”, avaliou o professor de história Daniel Jacob Noradi.
Além da união entre os professores, houve ainda o carinho dos moradores da região. Noradi conta que algumas pessoas levaram comida, colchões e cobertores.

Os professores ainda disseram que tiveram a companhia daqueles que foram ao acampamento para conversar e demonstrar apoio a greve.
Para Noradi, a decisão da assembleia foi correta. “Eu acho que no momento era o certo politicamente, mas, se precisar, nós estaremos firmes para voltar a qualquer momento, se o governo não cumprir aquilo que ele colocou no papel”, disse.

Veterana nas mobilizações da educação do Paraná, a professora Laura Apazini comparou o acampamento desta greve com a de 1988, quando houve confronto entre a Polícia Militar e os professores que estavam parados havia 14 dias. À época, a polícia usou cavalos e bombas de efeito moral para dispersar os professores.

A professora Laura apazini participou da greve dos professores de 1988 e também a deste ano
A professora Laura apazini participou da greve dos
professores de 1988 e também a deste ano

“Creio que desta vez foi um ganho político. Foi uma grande lição política para a população e também para os deputados eleitos pelo povo, mas que não trabalham pelo povo”, afirmou Apazani.

Ao criticar o trabalho dos parlamentares, ela cita o impasse envolvendo a Rede Integrada de Transporte (RIT). “Existe este problema do transporte público e eles sequer discutem uma solução para isso”, destacou.

A professora também estava presente no dia em que aconteceu a invasão do Plenário da Assembleia Legislativa. “Esse dia foi uma grande vitória política para a gente mostrar que o Legislativo e o Executivo não podem fazer o que querem com a população. Eles precisam governar para o povo e não para eles, segundo o interesse deles”.
Greve suspensa
A maioria dos milhares de professores que participaram da assembleia na manhã desta segunda-feira na Vila Capanema, em Curitiba, optou por suspender a greve, contudo, decidiram manter o estado de greve.

Isso significa que os quase um milhão de alunos da rede estadual de ensino terão o ano letivo iniciado na próxima quinta-feira (12), mas caso o governo do estado não cumpra alguma compromisso assumido na mesa de negociação a paralisação pode ser retomada.

“Entendemos que é hora de suspender a greve e manter o estado de greve, que já tínhamos desde o ano passado, para fazer com que o governo cumpra os seus compromissos. Em não cumprindo, o estado de greve nos autoriza a chamar uma assembleia e reiniciar uma greve assim que for necessário, caso o governador passe a descumprir o que tratou”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão.
A partir de terça-feira (10), os professores retornam às escolas para organizar o início do ano letivo. A expectativa é de que as aulas comecem na quinta-feira (12).

Antes de começarem a desmontar as barracas, professores e profissionais da educação deram um "abraço" coletivo no acampamento
Antes de começarem a desmontar as barracas, professores e profissionais da educação deram um “abraço” coletivo no acampamento

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