Sem-terra já organizam nova invasão da Araupel

As conveniências políticas e a natural demora do setor público em se mobilizar para cumprir determinações judiciais elevam o temor de produtores, de líderes e das comunidades de Quedas do Iguaçu e cidades vizinhas para uma nova invasão do MST à Araupel. Há informações de que o Movimento Sem-Terra se prepara para ocupar uma área estratégica da empresa, conhecida por Pousada, no Projeto Quatro.

Os que conhecem bem a região afirmam que se trata de uma área de reflorestamento, cercada por outras propriedades e com grande biodiversidade. Embora confirmem manobras do MST que denotam para uma nova invasão, pessoas que moram em Quedas e adjacências têm medo de se manifestar publicamente sobre o assunto. A forma desrespeitosa e truculenta que alguns dos integrados dos sem-terra adotam intimida quem é contrário de falar.

“Já ouvi de várias pessoas, inclusive de gente ligada ao movimento, de que a nova invasão estaria em preparação avançada”, afirma um dos moradores da região Sudoeste, que pede sigilo de sua identidade. A estratégia do MST seria a mesma das três ocupações anteriores à área de propriedade da Araupel. Eles focam potenciais cortes de madeira, que rendem dinheiro fácil.

Existem denúncias, em apuração por forças de repressão a crimes ambientais, de que apenas nesta semana cerca de 200 alqueires de área de pinus, em um novo acompanhamento em Rio Bonito do Iguaçu, foram cortados por membros do MST. O prejuízo chegaria a R$ 1 milhão. O sócio-proprietário da Araupel, Tarso Giacomet, confirmou recentemente a empresários em Cascavel que o corte de madeira, de forma ilegal e irregular, injetou gordas somas de dinheiro no movimento. Árvores que chegavam a valer R$ 100 são vendidas por uma fração do valor de mercado.

Líderes cobram reintegração

Líderes empresariais e políticos da região da Cantuquiriguaçu cumpriram, há alguns dias, extensa agenda de compromissos na capital do Estado. Um dos encontros foi com o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Franceschini. A cobrança foi quanto à reintegração de posse de propriedade da Araupel, em Quedas do Iguaçu, ocupada na metade de julho do ano passado. Mais de mil pessoas invadiram área onde havia grande quantidade de madeira de reflorestamento pronta para corte. Os donos entraram com pedido de reintegração de posse e, logo depois, a Justiça se manifestou favoravelmente à Araupel. A ameaça de invasão ocorria desde maio. Com a eleição, a determinação não foi dada e, a partir de então, só cresce a expectativa de líderes e moradores quanto ao cumprimento da determinação da Justiça. Na conversa, o secretário Franceschini disse que a orientação do governo estadual é de dar prioridade às decisões da Justiça. Entretanto, devido à crise financeira do Estado e aos cortes anunciados pelo governo, ele não revelou quando nem como a reintegração ocorrerá.

Histórico

A primeira invasão à Araupel, então conhecida por Giacomet Marodin, ocorreu na metade da década de 1990, em Rio Bonito do Iguaçu. Outras duas viriam na sequência. Mais de 50 mil, dos originalmente 80 mil hectares de propriedade da empresa, já estão nas mãos de famílias ligadas ao Movimento Sem-Terra.