Governo busca recompor base aliada no Legislativo

romanelli

Governo busca recompor base aliada no Legislativo
Chefe da Casa Civil passará a despachar semanalmente na Assembleia para atender deputados
O governo Beto Richa inicia hoje uma nova estratégia para recompor sua base política no Legislativo, abalada pela reação ao “pacotaço” de corte de gastos que provocou a invasão da Assembleia e levou os professores a uma greve que durou um mês. A partir desta terça-feira, o secretário chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD), passa a despachar semanalmente na Assembleia, atendendo os parlamentares da base de apoio ao governo.

A ideia é do líder da bancada governista na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), e vem na esteira das turbulências geradas pelo pacote – que resultou na ocupação do Legislativo por manifestantes e servidores contrários às medidas – e obrigou o Executivo a recuar, retirando os projetos de pauta. “Sugeri que o secretário venha aqui toda a terça-feira para atender os deputados e despachar na Assembleia. É uma forma de evitar o afastamento entre a base e o governo”, confirmou Romanelli. “Acho que esse processo foi pedagógico para todos nós”, avalia o peemedebista.

Segundo ele, após a revolta contra o pacote, a liderança da bancada de situação combinou com o Executivo, mudanças no relacionamento com o Legislativo. “Daqui em diante ficou acertado que a Casa Civil não enviará nenhum projeto à Assembleia sem antes discutir com a liderança do governo”, explicou.

Dissidências

O governo enviou as propostas à Assembleia na primeira semana de fevereiro. No dia 10, os deputados aprovaram por 34 votos a 16, a transformação do plenário em comissão geral, com o objetivo de votar as propostas no mesmo dia. Servidores e manifestantes contrários as medidas invadiram a Casa e ocuparam o plenário, exigindo a retirada dos projetos de pauta.

Com o plenário ocupado, os deputados governistas se reuniram no restaurante do quinto andar do prédio administrativo dois dias depois, para tentar novamente votar os projetos em comissão geral, depois de chegar à Assembleia em um ônibus blindado da tropa de choque da polícia, para driblar os manifestantes que cercavam a Casa. Diante de nova invasão e confronto entre manifestantes e a polícia, os deputados suspenderam a votação e o governo retirou as medidas de pauta.

Nesse processo, vários parlamentares da base governista acabaram se colocando contra o pacote. Tanto que apesar da oposição ter oficialmente apenas seis deputados, dezesseis parlamentares votaram contra a comissão geral para votar as medidas.

“O governo estava muito mal acostumado”, admitiu Romanelli, comentando a forma como o pacote foi encaminhado à Casa, com pedido de votação em regime de urgência e transformação do plenário em comissão geral, e sem que os próprios deputados da base governista conhecessem os detalhes das propostas. “Em um momento desse, com nível zero de tolerância, qualquer medida de austeridade mal explicada causa um alto nível de indignação”, reconheceu o líder governista.

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